quarta-feira, junho 28, 2006

reunião de condomínio

Informação preciosa para amigos "apanhados" no cargo, caso passem por cá. Nada de amadorismos, a ciência política chegou ao condomínio. Testemunhos e dicas a reter. Um dia destes, calha-nos a nós.

be careful what you wish for, it might as well came true

Sendo uma sonhadora crónica tenho, aparentemente, a capacidade de tornar alguns dos meus maiores sonhos realidade. Há, entre os meus amigos, quem ainda fique impressionado. E não sabem da missa a metade.

Não há nada que nos prepare para encontrar projectado fora de nós aquilo que só existia dentro da nossa cabeça. Facilmente se torna um pesadelo, só porque já não depende apenas da nossa vontade.
Mas enquanto isso, voa-se. Eu voo! Só tenho que aperfeiçoar uns pormenores na aterragem.

peixe graúdo

Hoje tornou-se oficial: a Bertelsmann comprou a Bertrand, via Círculo de Leitores. Ao contrário dos que se exasperam com as corporações, a concentração, e o domínio dos mercados, eu vejo a oportunidade. A Globalização permite o muito grande e o muito pequeno. Só deixa de haver lugar para meios-termos. Mais, este afunilamento cria espaços e estimula os projectos alternativos. As pequenas editoras, as pequenas livrarias, as pequenas comunidades, os autores de culto. Sobra uma "imensa minoria". Só não podemos querer jogar o mesmo campeonato.

da alegria

Há quem elogie o sorriso constante de Ronaldinho Gaúcho; quem se delicie com os malabarismos do outro Ronaldo, o nosso. O puto perde-se com uma bola nos pés e nós a vê-lo.
Mas Zidane, como Figo, entra em campo com o semblante carregado. Ri-se pouco e nem precisa. Quando ele toca na bola ela alegra-se por ele. Como se reconhecesse a voz do dono e saísse disparada, a antecipar-lhe as intenções. E deixa de ser um tipo a jogar à bola, é já outra coisa.

segunda-feira, junho 26, 2006

pensamento do dia

Pessoas manipuladoras não se dão bem em "open-space".

tradição

Sábado, 24 de Junho de 2006, oito horas da noite. No interior "desquecido e ostracizado", a tradição ainda é o que era. Na praça, as senhoras põem a conversa em dia enquanto tomam a fresca. No café, sou a única mulher entre algumas de dezenas de cavalheiros.

sexta-feira, junho 23, 2006

marcha rapioqueira

A minha homenagem ao Conjunto António Mafra. Matem as saudades dos clássicos "Sete e Pico", "Ó Zé Olha o Balão", "Abre a Pipa Beatriz" e "Marcha Rapioqueira". Todo o tripeiro sabe a letra que foi censurada com o lálálá.

paciência

Ontem, de prenda de aniversário, tive o privilégio de assistir, sentada na primeira fila, a uma representação. Era uma daquelas produções que mistura teatro do absurdo com novo circo.
Dizem que ainda sou nova e que nos habituamos a tudo. À falta de profissionalismo, de consideração, de educação, de vergonha na cara. A um "acontece, paciência", seguido de um encolher de ombros bovino e uma saída de fininho, a assobiar para o alto. O caraças!

quinta-feira, junho 22, 2006

tenho a força, não tenho é vontade

"'I don't care about any damn diet. I want chocolate'"

William B. Irvine, On Desire

quarta-feira, junho 21, 2006

4.15

Às 4.15 acordei sobressaltada e fiquei a olhar a olhar para o telemóvel, como se fosse tocar a qualquer momento. Não tocou, nem eu voltei a adormecer. Estou a ficar sugestionável.

terça-feira, junho 20, 2006

crónica feminina

Circula pela net uma votação para entreter as meninas, uma espécie de selecção de caras larocas do Mundial. A escolha só pode ter sido feita por gajos! Está tudo doido? Shevchenko?! Nem me façam falar desse tipo!

Exceptuando o Kaká, que é um miúdo, não há na caderneta um único homem bonito, com a possível ressalva do Beckham. Mas isso é coisa minha: não consigo cruzar aquela estampa com a voz de desenho animado, a bota não diz com a perdigota.

Se pudesse, acrescentava, só assim de repente, três cromos à convocatória. Um monumento negro que dá pelo nome de Drogba, pode ser? E toda a gente sabe que o ponto forte da Itália está na defesa. Se já não há Maldini, esse sim, um homem lindo, charmoso e que envelhece muito bem, proponho Alessandro Nesta. Bonito e não se lhe conhecem problemas de salivação. Da Inglaterra, o Lampard. Além de agradável à vista parece não ter guardado a inteligência só nos pés.

neura

Há dias em que tudo corre mal. Espalhei-me, literalmente, ao comprido e rebentei um joelho. Um torcicolo impede-me de rodar o pescoço sem uivar de dor e durante a noite continuo a ser depenicada por mosquitos kamikaze apesar da parafernália de repelentes e mezinhas. As poucas pessoas que hoje me dirigiram a palavra levaram com o olhar nº 237 que diz, explicitamente, queres que te arranque um olho?

Felizmente, a música existe e há sempre uma alma atenta que sabe do que eu preciso. Funcionou. Acho que até o pescoço já está menos hirto.

segunda-feira, junho 19, 2006

inveja

Devia ter alinhado e feito gazeta. Deve-se estar bem no Gerês, hoje.

letra de tango

Me diste la intemperie,
la leve sombra de tu mano
pasando por mi cara.
Me diste el frío, la distancia,
el amargo café de medianoche
entre mesas vacías.

Siempre empezó a llover
en la mitad de la película,
la flor que te llevé tenía
una araña esperando entre los pétalos.

(...)

Fue una letra de tango
para tu indiferente melodía.


Julio Cortázar, Quizá la más querida

dessíncrona

Entre a minha intuição e o meu entendimento há um desfasamento temporal. Sei, quase sempre, antes de saber. Só não atino com o euromilhões!...

sábado, junho 17, 2006

jacarandá do Viriato


Chega a ser cruel. Estar-se assim florido, exuberante, e que uma qualquer chuva a destempo possa despojar-nos das cores que exibimos. As flores lilases vão-se-lhe acumulando aos pés mas aposto que ele não pensa "para quê florir?"

(foto gentilmente cedida pelo Teo Dias)

sexta-feira, junho 16, 2006

bolero

"Siempre fuiste mi espejo,
quiero decir que para verme tenía que mirarte."

Julio Cortázar, Bolero

quarta-feira, junho 14, 2006

chegava uma pessoa

"Chegava uma pessoa vinda de lado nenhum, sem motivo para chegar ou com um motivo que não se entendia, e oferecia-se a outra pessoa, e essa pessoa achava tudo isso natural, porque era assim que todas as pessoas encontravam alguém, e era nesse momento tão grande que ambos se entregavam para a vida, sem olhar para trás ou pensar um pouco, ambos se entregavam um ao outro para a vida, porque, a partir desse momento grande, toda a vida seria assim natural, inexplicável e grandiosa. Faltou-me saber que o que é num instante o mundo, não é o mundo sempre."

José Luís Peixoto, "Nenhum Olhar"

size matters

Está cientificamente provado que, na escalada evolutiva, o cromossoma Y de alguns humanóides tem vindo a diminuir de tamanho. E já alguns instalaram o pânico. A Humanidade quase os tornou dispensáveis, com o recurso a técnicas de reprodução medicamente assistida e à possibilidade de clonagem. Agora a Natureza faz-lhes a folha!

Calma! No que à reprodução diz respeito, o método tradicional continua a bater a novidade aos pontos. Porque é barato, funciona em 90% das necessidades e parece que dá algum gozo. Para dar a volta à Natureza estamos cá todos, não há nada mais intrinsecamente humano que ser contranatura.

Pelo sim pelo não, e porque seria divertido, podíamos começar uma campanha para salvar este exemplar em vias de extinção. Assim do género "Salvem os barrigudos!" Sugestões criativas?

terça-feira, junho 13, 2006

manjerico

Tenho um verdadeiro dedo podre para plantas! Uma semana ao meu cuidado é suficiente para acabar com o espécime mais exuberante. Exceptuando manjericos. Adoro manjericos e nesta época do ano encho a casa com eles. E os "bichinhos" respondem ao meu apreço. Ficam viçosos e crescem de dia para dia. Só vendo! Nem o olho gordo de quem mos inveja faz efeito.

mind the gap

Para as pessoas que, como eu, guardam muitos pedaços e criam grandes expectativas, o presente pode ser um lugar bem desconfortável. Entre o que fomos e aquilo que ansiamos ser, este é o único sítio que não serve. E vamos brincando aos intervalos, para que o tempo passe mais depressa, esquecendo que ele é mais que um segmento de recta: o único percurso possível para chegarmos de um ponto ao outro.

seguir o trovão

Talvez seja de uma boa noite de sono, que já não tinha há algum tempo; talvez da decisão que tomei ontem, antes de adormecer; talvez seja da lua. Hoje há uma energia positiva em mim. Como Meia-Noite, o extraordinário personagem de Richard Zimler, há que seguir o trovão.

bolo?

O Eduardo é o meu cliente preferido. Acabou de fazer 6 anos mas já anda no colégio porque é "bastante Inteligente". A primeira vez que veio à livraria, com o pai, estava a fazer fitinhas para chamar a tenção das meninas e deu uma valente cabeçada na prateleira. As lágrimas começaram a rolar, bolinhas perfeitas naquela carita de anjo de procissão. Estava inconsolável. Eu aproximei-me e sugeri baixinho: bolo? O choro parou logo ali e ficámos amigos. Desde então ele volta muitas vezes e vamos conversando.

segunda-feira, junho 12, 2006

luas

"O corpo não me pediu para dormir esta noite. Deitei-me na cama, mas os olhos não se fecharam. Fiquei na luz que me encheu: desde o céu, desde o sol, uma luz a rasgar a noite e o telhado e o meu peito, uma luz a cegar-me de tudo o resto."

José Luís Peixoto, "Nenhum Olhar"

talvez

"Penso: talvez haja uma luz dentro dos homens, talvez uma claridade, talvez os homens não sejam feitos de escuridão, talvez as certezas sejam uma aragem dentro dos homens e talvez os homens sejam as certezas que possuem."

José Luís Peixoto, "Nenhum Olhar"

de, para

Há dois dias que assisto, de longe, ao teu incêndio. Não permitirei que fiques cercado pelo olhar dos outros.

sábado, junho 10, 2006

Carta

Porque ontem os poetas me garantiram que, como leitora, tenho toda a legitimidade para me apropriar e "corrigir" os poemas que se tornam meus, aqui fica um que sei de cor.

Carta


Há muito tempo, sim, que não te escrevo.
Ficaram velhas todas as notícias.
Eu mesmo envelheci: olha, em relevo,
estes sinais em mim, não das carícias

(tão leves) que fazias no meu rosto:
são golpes, são espinhos, são lembranças
(...)

A falta que me fazes não é tanto
à hora de dormir,
(...)


é quando ao despertar, revejo a um canto
a noite acumulada de meus dias
e sinto que estou vivo, e que não sonho.

Carta | Carlos Drummond de Andrade

sexta-feira, junho 09, 2006

resistência

Fico sempre um bocadinho aflita quando dou início a um mal-entendido. Hoje já senti a necessidade de me explicar mas tenho resistido estoicamente.

quinta-feira, junho 08, 2006

não apaga



there is a light that never goes out | the smiths

religião e panke-roque

Penitencio-me! Antes de lhe conhecer o blog não imaginava que um neto de pastor pudesse ter tamanho sentido de humor. E sabedoria.

wrong choice

Estou quase convencida que estou no negócio errado. Os livros vão saindo mas estão longe do sucesso das nossas escolhas musicais. A livraria até já apareceu mencionada num jornal como um dos sítios da cidade onde se ouve melhor música. E os livros, senhores?

Enfim! Uns aproximam-se, de mansinho, do balcão, a cobiçar os MEUS Cd's. Outros vêm trocar cromos: "este é muito bom mas eu prefiro não sei o quê e conhece o fulaninho?" Outros, ainda, vêm, todos entusiasmados, perguntar "o que é isto que está a tocar?" Todos uns queridos mas eu conheço as minhas limitações. Com a literatura vou-me safando. Na música não passo de uma amadora dedicada, com as dicas de um ou dois consultores de peso e a contribuição preciosa do meu DJ preferido.

dia 12, vai no Batalha



"And if you need to kiss me

then you'll most definitly miss me
when i'm gone

god, you make me sing
funny things about you
you infect my mind
all the time, you do"


she fell into my arms | ed harcourt

vénia

Aqui ao lado tem estado a tocar, para quem quiser ouvir, Miss Ursula Rucker. Uma verdadeira "black queen", belíssima e inspiradora como só uma pessoa com recheio especial pode ser.

Um dia, quando eu crescer, hei-de ser um bocadinho assim. Mas em versão "branquela". Quanto a isso não há nada a fazer!

quarta-feira, junho 07, 2006

salvo montalbano, aka andrea camilleri

Um dos meus personagens de eleição é Salvo Montalbano, um inspector criado por Andrea Camilleri. As histórias acontecem na cidade de Vigáta, um espaço mais ou menos imaginário, algures na Catânia, Sicília.

Hoje, desde que ouvi os noticiários da manhã, pensei várias vezes nele. (E não adianta buzinarem-me que estou a falar de um personagem. Esta homenagem de Camilleri a Manuel Vazquéz Montalbán e ao seu Pepe Carvalho é-me mais familiar, nítida e simpática que muita gente que encontro todos os dias.) Porque Montalbano anda cansado, desiludido com a profissão. Sente-se deslocado neste tempo em que desaparecem os cavalheiros e em que um homem de palavra se tornou algo de aberrante; irritam-no a proliferação dos "arrependidos", na directa proporção em que se perde a memória; indignam-no os abusos, as maquinações e a falta de carácter de quem jurou defender a coisa pública; doem-lhe os atropelos à dignidade dos mais fracos.

Não admira que tenha mau feitio. Com Montalbano partilho também o gosto pela comida e aquela coisa de ser profundamente afectada pelo clima. Mas já me estou a perder.

Pensei nele a propósito daquele "caramelo" da suposta "Frente Nacional" que andou a exibir armas no noticiário, em horário nobre. A alardear o poder fazê-lo, a rir-se de um sistema que permite a uma pessoa destas ter um arsenal em casa, para qualquer eventualidade.

Salvo teria gostado daquela prisão fresquinha, logo pela manhã. Não vai servir para grande coisa. Mas hoje, o fulano acordou estremunhado, viu a sua casa invadida, as suas coisas revistadas e foi transportado a uma esquadra de polícia. Para que saiba que nem todos andam a dormir, nem todos são estúpidos.

propensão genética

Eu sou uma miúda cheia de apetites, alimentares. Dá-me desejos, pronto.

O meu pai tem andado doente, com febre persistente sem motivo aparente. Diz-me a minha mãe que ele come muito sem vontade e com isso perde peso. A não ser aquelas coisas que ele vai pedindo, cheio de mimo. E que tipo de coisas, pergunto eu? Tripas, fígado de cebolada, responde ela. E eu só penso, falta o arroz de cabidela!

É ou não é propensão genética?

terça-feira, junho 06, 2006

grande besta

Se este fosse o Dia da Besta seria uma festa. Iggy Pop estaria certamente em palco e nenhum festival podia competir com o alinhamento. Ele, o Rabudo, sempre agenciou os melhores.



O vídeo é antiguito mas "the real wild child" continua aí para as curvas. Velhos são os trapos e ele tira sempre a t-shirt.

números místicos

Seguem-se duas citações a propósito do Dia da Besta e dos números místicos.

"If man is 5,
then the devil is 6,
then god is 7,
this monkeys's gone to heaven"
Pixies

"...é fazer as contas!"
António Guterres

Claro que, bestas por bestas, prefiro os primeiros. Embora convencida que irão para o Inferno, que é onde está quem interessa. Se o Bento não o extinguir, entretanto!

situacionismo surreal

Ontem à noite, no café literário da Feira do Livro do Porto, ainda não era o dia da Besta mas já só saiam ideias do Demo.

Num encontro de poetas mais ou menos surrealistas, moderado por Adolfo Luxúria Canibal, alguém perguntava "onde estava o poema antes de ser escrito", uma outra forma de saber onde iam eles buscar aquelas ideias. E foi então que João Habitualmente nos confidenciou que a criatividade era assunto que sempre o tinha preocupado. E que nisso achava o estatuto de poeta algo injusto. Os artistas plásticos é que tinham sorte porque podiam sempre partir de um modelo nu. E que, ainda segundo o João, não custava nada ser criativo com uma mulher despida pela frente.

Ficou decidido. João Habitualmente e Valter Hugo Mãe vão começar a organizar uma base de dados de voluntárias dispostas a incentivar a criatividade. (Não, não tenho o contacto!)

Eu não quis deitar água naquela fervura mas há a necessidade de dois reparos. Um, conheço vários pintores e escultores e não me consta que seja assim fácil. "Pinto, logo tira a roupa!" Ia ser um sucesso lá para o lado das Belas Artes. Dois, a falta de paridade! Meus amigos, as poetisas e os poetas gay também têm direito à vida e à sua criatividade. Ou não?

sexta-feira, junho 02, 2006

rasto de perfume

Porque é que a generalidade dos homens portugueses acha que está bem se se encharcar em perfume? É verdade que deixamos de gostar deles a cheirar a cavalo mas, meninos, sem exageros! Só se o objectivo for atordoar, em vez da tradicional pancada na cabeça.

Toda a gente sabe que os franceses inventaram o perfume para disfarçar o odor corporal. E toda a gente sabe que os franceses são um povo pouco dado ao banho. Juntou-se a fome com a vontade de comer e deu cheirinho. Convenhamos, podia ser pior! Mas moçoilos bem apresentados, lavadinhos, não precisam de tanto tempero.

Nisto, meninas, nós devemos ter alguma responsabilidade. Se calhar torcemos demasiado o nariz e eles, coitados, logo pensam "cheiro mal" e cá vai disto. Como na culinária, basta uma pitada para realçar o sabor. Senão, abafa tudo.

Vem isto a propósito de um quarentão que nos entrou na livraria. Lindo, charmosérrimo e ainda por cima com nome de pintor impressionista. Quando saiu deixou um delicado rasto de perfume e três meninas encantadas.

quinta-feira, junho 01, 2006

amor à camisola

A casa dos meus avós fica em Ermesinde, mesmo em frente ao Estádio de Sonhos. Bonito, não? E como passei lá a minha infância, o futebol fazia parte do meu dia-a-dia. Os Domingos, semana sim, semana não, eram marcados pela enchente de gente e carros. Quando os altifalantes roufenhos começavam a debitar o medley do Victor Espadinha, sabíamos que estava na hora. Durante duas horas os homens iam ao futebol, as senhoras faziam malha dentro dos carros e nós, miúdos, sabíamos pelo som quando o golo era nosso ou deles.

Havia grandes derbys e lembro-me das regulares esperas ao árbitro, no fim dos jogos decisivos, que terminavam com pancada e cargas policiais. A época nunca terminava sem um faroeste!

Quando comecei a reparar em rapazes, acompanhava com as minhas amigas, religiosamente, os treinos das camadas jovens. Só por amor à camisola, cheguei a ter um namorico com um desses craques da bola.

Hoje, reparo mais na capacidade do que no físico dos atletas. Sou azulinha sem grandes fanatismos, vermelha e verde quando é tempo disso e gosto de futebol. E de vólei, de praia e pavilhão, e de ténis e de andebol e de hóquei. Que alguém, recentemente, me descreveu como "esse jogo estúpido jogado de rabo empinhado". Mas isso já dava outra história.

saudade

Hoje deu-me saudades: de estar rodeada de gente apaixonada, das boas ideias, de pensar grande em todos os pormenores e de trabalhar dar muito gozo; dos talentos à volta, que inspiram e contagiam; de me envolver em tudo e de aprender, sempre, muito, com quem sabe claramente o que faz.