A Noite do João
Enquanto vamos crescendo, ou dito de forma mais adulta, enquanto nos vamos formando, criamos uma rede de referências. No meu caso, são afinidades electivas, como diria o Johann Wolfgang. Pessoas com quem mal ou nunca nos cruzámos mas cuja obra nos moldou, esteve presente em vários momentos marcantes, nos levou a seguir outros caminhos. Às tantas, são como velhos amigos, com quem mantemos contacto espaçado mas nunca perdemos a proximidade.
Para mim, o João Aguardela é uma dessas pessoas. Por isso, ao longo dos anos fui seguindo tudo em que ele se envolvia. Umas coisas entusiasmavam-me mais que outras, mas nunca me desiludiu. De quantos podemos dizer o mesmo?!
E agora posso dizer, eu sou do tempo em que a música se descobria em programas de rádio de autor, em que se faziam peregrinações para ver concertos dos Mão Morta e se passavam cassetes gravadas com coisas novas de mão em mão; de uma geração que sabe do que estou a falar quando refiro Armasestrondo e Rock Rendez-Vous.
Quando hoje ouvi que tinha morrido fiquei triste. Triste, como se mais um amigo tivesse desaparecido. Triste, por não ter tido a oportunidade de lhe dizer. Das noites do Batô em que dançávamos ao som dos Sitiados. Da indignação que sentimos quando os Resistência fizeram aquela versão melosa. Do sorriso e espanto que me despertou o Megafone. Do deslumbramento d' "A Naifa", em cujo concerto, no Rivoli, o vi pela última vez. De lhe agradecer tudo isto e dar um abraço.
Gostava de poder acreditar numa vida depois desta. Assim podia confortar-me com a ideia de que a Sara vai adorar ver-te. Como não acredito, vou ouvir "A Noite" em loop, onde tu estarás sempre e as noites de verão e a adolescência não acabam nunca.
Para mim, o João Aguardela é uma dessas pessoas. Por isso, ao longo dos anos fui seguindo tudo em que ele se envolvia. Umas coisas entusiasmavam-me mais que outras, mas nunca me desiludiu. De quantos podemos dizer o mesmo?!
E agora posso dizer, eu sou do tempo em que a música se descobria em programas de rádio de autor, em que se faziam peregrinações para ver concertos dos Mão Morta e se passavam cassetes gravadas com coisas novas de mão em mão; de uma geração que sabe do que estou a falar quando refiro Armasestrondo e Rock Rendez-Vous.
Quando hoje ouvi que tinha morrido fiquei triste. Triste, como se mais um amigo tivesse desaparecido. Triste, por não ter tido a oportunidade de lhe dizer. Das noites do Batô em que dançávamos ao som dos Sitiados. Da indignação que sentimos quando os Resistência fizeram aquela versão melosa. Do sorriso e espanto que me despertou o Megafone. Do deslumbramento d' "A Naifa", em cujo concerto, no Rivoli, o vi pela última vez. De lhe agradecer tudo isto e dar um abraço.
Gostava de poder acreditar numa vida depois desta. Assim podia confortar-me com a ideia de que a Sara vai adorar ver-te. Como não acredito, vou ouvir "A Noite" em loop, onde tu estarás sempre e as noites de verão e a adolescência não acabam nunca.