quarta-feira, junho 07, 2006

salvo montalbano, aka andrea camilleri

Um dos meus personagens de eleição é Salvo Montalbano, um inspector criado por Andrea Camilleri. As histórias acontecem na cidade de Vigáta, um espaço mais ou menos imaginário, algures na Catânia, Sicília.

Hoje, desde que ouvi os noticiários da manhã, pensei várias vezes nele. (E não adianta buzinarem-me que estou a falar de um personagem. Esta homenagem de Camilleri a Manuel Vazquéz Montalbán e ao seu Pepe Carvalho é-me mais familiar, nítida e simpática que muita gente que encontro todos os dias.) Porque Montalbano anda cansado, desiludido com a profissão. Sente-se deslocado neste tempo em que desaparecem os cavalheiros e em que um homem de palavra se tornou algo de aberrante; irritam-no a proliferação dos "arrependidos", na directa proporção em que se perde a memória; indignam-no os abusos, as maquinações e a falta de carácter de quem jurou defender a coisa pública; doem-lhe os atropelos à dignidade dos mais fracos.

Não admira que tenha mau feitio. Com Montalbano partilho também o gosto pela comida e aquela coisa de ser profundamente afectada pelo clima. Mas já me estou a perder.

Pensei nele a propósito daquele "caramelo" da suposta "Frente Nacional" que andou a exibir armas no noticiário, em horário nobre. A alardear o poder fazê-lo, a rir-se de um sistema que permite a uma pessoa destas ter um arsenal em casa, para qualquer eventualidade.

Salvo teria gostado daquela prisão fresquinha, logo pela manhã. Não vai servir para grande coisa. Mas hoje, o fulano acordou estremunhado, viu a sua casa invadida, as suas coisas revistadas e foi transportado a uma esquadra de polícia. Para que saiba que nem todos andam a dormir, nem todos são estúpidos.

3 Comments:

Blogger SpiSan. said...

Não sejas má, o caramelo de que falas, e chamemos os bois pelos cornos, o Mário Machado, até é bom moço, senão vê aqui o seu currículo:
http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?section_id=13&id_news=231366
bj.

junho 08, 2006 9:06 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Nunca o termo nacionalismo fez tanto sentido...pelo menos do ponto vista da representação simbólica. Vejamos: Na habitação do senhor foram resgatados um revólver, uma besta e um aparelho de choques eléctricos...só faltou mesmo o puto com ranho e a mulher a dias (de levar o próximo soco)...N

junho 08, 2006 9:45 da manhã  
Blogger Justa said...

spisan, só tu para fazeres a folha detalhada ao individuo!

Seja bem aparecido, DJ Anónimo. Mas tem que haver, algures, um puto ranhoso e um saco de pancada, desculpa, esposa dedicada. Um tipo que não honre os sagrados valores da família não podia auto-intitular-se patriota.

junho 08, 2006 10:30 da manhã  

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